Diagnóstico precoce do autismo

Diagnóstico precoce do autismo

 Sempre que se fala em TEA (transtorno do Espectro Autista), alerta-se sobre a necessidade de um diagnóstico precoce. O Autismo não é uma doença e que isso fique bem claro. É um distúrbio neurológico caracterizado por alterações comportamentais que geram prejuízos significativos na comunicação e na socialização.
Segundo a psicóloga clínica Lídia de Lima Prata, “o TEA é caracterizado por déficits na comunicação social e pela presença de interesses e comportamentos rígidos, restritos e estereotipados”. “Quanto mais cedo se iniciar as intervenções, melhor o prognóstico da criança”.
“Quando a intervenção é realizada em crianças menores de 3 (três) anos, a melhora é de 80%. Aos 5 (cinco) anos, cai para 70%, e acima disso fica muito prejudicada”, afirma Fabio Barbirato, Coordenador do Serviço de Atendimento a Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. 
A partir de novembro de 2017, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi obrigado a adotar protocolo com padrões para a avaliação de riscos ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses de idade. É o que determina a Lei 13.438/2017.
O texto, que modifica o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), estabelece que crianças de até 18 meses de idade façam acompanhamento através de protocolo ou outro instrumento de detecção de risco de desenvolvimento psíquico. Esse acompanhamento se dará em consulta pediátrica. Na justificativa para o projeto, a senadora Ângela Portela, sugeriu a adoção do Protocolo Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI), que já é utilizado pelo SUS em diversas regiões do país. De acordo com a senadora, “esses exames poderão detectar o Transtorno, o que permitirá um melhor acompanhamento da criança”.
Essa legislação é um avanço, sem dúvida. Mas devemos lembrar que, como se trata de um espectro em que o transtorno se manifesta em casos mais severos, mas também em casos mais leves nos quais os sintomas são mais discretos. E apesar da utilização do protocolo (IRDI ou outro), nem sempre será possível detectar o autismo em bebês e crianças pequenas. Por isso vale a observação da família em relação às características que o TEA pode apresentar, como: Dificuldade em imitar - Dificuldade em se comunicar por gestos ou apontar - Dificuldades em brincadeiras de faz de conta - Presença de comportamentos ritualizados - Movimentos repetitivos - Olhar fixo em objetos - Dificuldade de manter contato ocular (olhar nos olhos) - Problemas de alimentação - Problemas sensoriais – Hiperatividade - Falta de compreensão em situações de risco.
Dessa forma, se a criança apresentar algum desses sintomas é sempre bom alertar o seu médico. Ele indicará as intervenções necessárias. E a dica também vale se a criança é mais velha, adolescente ou adulto. O diagnóstico, como muitas síndromes, ainda que tardio, faz com que a família a compreenda e principalmente, que a pessoa se entenda. E há intervenções específicas para todas as idades. Sempre é hora de tratar o TEA.
O autismo não tem cura, mas tem tratamento. E o tratamento adequado, faz TODA diferença!
                 Cynthia Prata Abi-Habib